Qualquer pessoa que por algum motivo apresente dificuldades para executar as atividades e tarefas no cotidiano pertinentes aos papeis ocupacionais que exerce ao longo da vida se beneficia do atendimento em Terapia Ocupacional.
A Terapia Ocupacional estuda a ciência da ocupação humana e o desempenho das pessoas nas mais diversas atividades visando ajudá-las a melhorarem suas habilidades, a conquistarem autonomia e independência, ou seja, a capacidade de “fazer coisas” que de fato são importantes para cada elas. Desta forma, o Terapeuta Ocupacional ajuda o cliente a realizar as atividades que são importantes para ele e que por algum motivo ele não consegue mais realizar.
No caso do Transtorno de Ansiedade ou Síndrome do Pânico, o fazer humano normalmente fica comprometido, muitas vezes ocorrem rupturas das atividades cotidianas e o abandono de alguns papeis ocupacionais, não porque a pessoa queira fazer isto, mas porque ela simplesmente não consegue mais fazer, gerenciar, priorizar ou organizar as atividades.
Os sintomas de ansiedade podem aparecer em qualquer um e a qualquer momento de nossas vidas, não sendo necessariamente considerado uma patologia em si, desde que, não ultrapasse os limites de intensidade e tempo.
Ansiedade e o medo nos preparam para os embates da vida, stress, momentos traumáticos e situações de luta ou fuga. Essas funções são controladas pela amígdala, uma estrutura pequena próximo do hipotálamo. Sentir-se ansioso é normal. Mas, se torna preocupante quando passa dos limites.
Ao passar dos limites, uma pessoa ansiosa começa a ter prejuizo em suas atividades e na vida por conta dos sentimentos de angústia, medo e dos sintomas físicos que ela começa a sentir gerando grande desconforto, um possível isolamento ou uma espécie de “paralização”.
Normalmente as pessoas que desenvolvem o transtorno de ansiedade são pessoas muito autoexigentes, preocupadas, tensas que quase nunca relaxam e sempre estão antecipando problemas ou vivendo excessivamente no futuro. Geralmente apresentam dores de cabeça, tensão muscular, não conseguem se concentrar e com problemas para dormir. Os Jovens com uma rotina muito agitada e mulheres com dupla e tripla jornada são mais acometidos.
Muitas dessas pessoas sofrem com sintomas fisicos intensos e verdadeiros como: Suor nas mãos, tremores, secura na boca, respiração curta, taquicardia, dores abdominais, urgência urinária e sensação de morte ou de que algo muito ruim está para acontecer com ela podendo ser muito assustador.
Para ajudar a minimizar esses sintomas e conseguir uma certa qualidade de vida, bem como a retomada das atividades e dos papeis ocupacionais, que ficaram em “stand by”, a pessoa que sofre com o transtorno de ansiedade precisará buscar ajuda psiquiátrica, psicológica e terapêutica ocupacional.
Mas, como a Terapia Ocupacional irá ajudar as pessoas que sofrem com o transtorno de ansiedade e sindrome do pânico?
O terapeuta ocupacional ajudará o indivíduo a selecionar as atividades verdadeiramente significativas, a priorizá-las e construirá uma rotina possível de ser executada e estendida progressivamente. Em seguida, o Terapeuta Ocupacional atuará como uma espécie de mediador, um facilitador para que o cliente venha a engajar em uma determinada atividade que seja significativa para sua vida. O envolvimento na ocupação é objetivo central e novas atividades ou habilidades podem ser descobertas e integradas durante o processo terapêutico ocupacional quando essas fazem sentido para o cliente.
A ideia é ajudar o cliente a regular o comportamento. O Terapeuta Ocupacional auxiliará a estabelecer os limites, construir a autoconsciência, monitorar as reações emocionais em decorrência das ocupações escolhidas, buscar estrategias para identificar o que é da doença e o que é da personalidade para mudar certos comportamentos, auxiliar no equilíbrio entre exercícios, lazer, ocupação e ócio, sugerir condutas adaptativas para evitar as recidivas e visando a retomada das atividades anteriormente executadas que agora precisaram ser priorizadas e estruturadas conforme as novas condições de saúde mental.
Para que seja alcançado o sucesso terapêutico ocupacional é necessário a adesão ao tratamento, o comprometimento e a construção de uma rede de apoio. A família, a comunidade com seus recursos e os profissionais de outras áreas que se dedicam ao caso do cliente podem ser acionados em dados momentos do processo terapêutico ocupacional.
A retomada ao trabalho, aos estudos, as rotinas domésticas e familiares são cuidadosamente acompanhadas e extrapolam o consultório com visitas e análises constantes, pois é muito importante fazer junto, caminhar atento, lentamente e constante.
A redescoberta do prazer, do tempo, da necessidade do ócio saudável, do saber viver o presente e saber como, com o que e quanto se preocupar também ficam sobre observação, vigilância e delegação ao cliente de forma supervisionada para que ele consiga progressivamente reativar suas atividades, exercer seus papeis, mas agora de uma nova forma, mais consciente e mais equilibrada.
Patricia de Oliveira
Terapeuta Ocupacional
CREFITO 3-10356-TO